O
QUE É O LIVRE ARBÍTRIO?
É dito que
Deus nos deu o livre-arbítrio. Penso que, na verdade, nós é que nos damos o
livre-arbítrio, nós é que decidimos seguir seus ensinamentos ou não, suas
orientações ou as nossas, os nossos instintos ou a nossa razão.
Estamos aqui
na Terra esquecidos de que somos um Espírito encarnado de passagem, em busca de
mais evolução espiritual. Para alcançar esse objetivo existem dois caminhos:
pelo amor ou pela dor. O segundo é o habitual… Para evoluir pelo amor é
necessário que, pelo livre-arbítrio, uma pessoa decida fazer as coisas certas,
seguindo a orientação do seu Eu Superior e dos seus Mentores Espirituais.
Quando nos deparamos com uma decisão, seja de caráter existencial ou uma postura
emocional, um pensamento, uma atitude, uma fala, muitas vezes somos movidos
pelos nossos instintos primitivos; outras vezes, mesmo recebendo esse impulso,
vindo do nosso Eu Inferior, conseguimos refreá-lo e acessamos uma informação
mais elevada que diz como devemos fazer, sentir, pensar, falar… O
livre-arbítrio é, então, cada um de nós decidindo a cada momento, aonde quer
ir, qual caminho seguir, o que quer fazer.
Existem aqui
na Terra duas estações transmissoras: uma que nos dá maus conselhos, outra que
quer nos purificar. Pelo livre-arbítrio optamos qual delas queremos ouvir.
Algumas vezes dizemos: “Por que Deus não nos mostra o que fazer para que
possamos evitar o erro e o sofrimento?” Ele nos mostra, sim, nós é que
freqüentemente não entendemos… Ele nos fala através da nossa Consciência; somos
nós que muitas vezes não a escutamos. A voz da Consciência é Deus dentro de
nós.
E assim,
errando e acertando, caindo e levantando, vamos, com o passar das encarnações,
aprendendo o que nos faz sofrer e o que nos faz felizes, o que nos traz
angústia, o que nos traz paz, o que nos traz estagnação, o que nos traz
evolução. Deus é a voz da rádio do amor que só transmite em sua programação
músicas sublimes, conselhos superiores, palestras edificantes. Nós todos estamos
sintonizados nessa rádio, mas existe uma interferência, um chiado de uma outra
rádio, a da raiva, da agressividade, da tristeza, que entra na programação
trazendo consigo energias de baixa freqüência, num incentivo às más condutas,
aos maus pensamentos, aos baixos sentimentos, com suas palavras de dor.
Se dependesse
só de Deus essa outra rádio não existiria; ela foi criada por nós mesmos, pois
fomos nós que criamos o baixo Astral, com nossos erros, nosso egoísmo, nossas
ações, nossa miopia espiritual. Todos nós somos responsáveis pela existência do
Umbral, ele foi feito por nós, para nós mesmos. E quando algum de nós vai para
lá, após desencarnar, devido à sua baixíssima freqüência, está indo para um
lugar criado por ele mesmo; vai experimentar seu próprio veneno. Deus não criou
o Umbral, o homem o fez e, hoje, muitos dentre nós lutam para que ele
desapareça.
Mas isso só
vai acontecer quando, pelo livre-arbítrio, escutarmos a voz da razão, da
Consciência e fizermos apenas o que é certo; quando acabarmos com a miséria, a
fome, a violência, a tristeza, a dor. O livre-arbítrio faz com que alguns de
nós façam guerras, outros façam amor; alguns trabalhem em atividades que
beneficiam o ser humano, outros em atividades que visam enriquecer, poluir,
sujar o planeta e o interior do nosso corpo. Uns promovem a saúde, outros, a
doença; algumas pessoas, pelo seu livre-arbítrio, fabricam bebidas alcoólicas,
cigarro, produzem e vendem drogas; outras pessoas trabalham em hospitais, em
consultórios; alguns políticos querem o bem do povo, outros, procuram apenas o
benefício próprio e dos seus; enfim, se enxergarmos bem, veremos o
livre-arbítrio em todo lugar, a todo momento, em todas as situações, de toda a
população mundial, dia e noite.
Deus criou o
livre-arbítrio? Não, Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, puro e
perfeito, para aprender a manter-se assim. O que fizemos com essa criação
divina? Sujamos, rebaixamos, estragamos, degradamos, dentro de nós e fora.
Temos a capacidade de ouvirmos mais e melhor a voz da nossa Consciência, pois
não a precisamos buscar em lugar nenhum, ela está dentro de nós. Mas para isso
precisamos um trabalho de faxina interior, dos nossos pensamentos, dos nossos
sentimentos, das nossas atitudes, da nossa palavra. É como uma lâmpada acesa
coberta por fuligem; não precisamos acender a lâmpada, ela está sempre acesa;
precisamos é limpar a fuligem. O que é essa fuligem? É o que viemos acumulando
desde que viemos para essa Terra: o que fizemos, o que fazemos, o que pensamos,
o que sentimos, o que falamos. Cada pensamento de raiva aumenta a fuligem, um
pensamento de amor a limpa um pouquinho. Cada vez que brigamos no trânsito,
sujamos nossa lâmpada; cada vez que sorrimos para quem buzina atrás de nós, que
cedemos espaço para deixar passar quem está com pressa, limpamos mais um
pouquinho. Cada vez que criticamos alguém, que nos irritamos, que nos
impacientamos, que enganamos, mentimos, a sujamos; cada vez que aceitamos, que
compreendemos, que cumprimos nosso dever com justiça, que falamos a verdade com
carinho, passamos um paninho nela; cada vez que bebemos, que fumamos, que
usamos drogas, aumentamos a poluição de nossa lâmpada; cada vez que bebemos
água pura, que ingerimos alimentos saudáveis, limpamos nossa lampadazinha…
E assim vamos
indo, sujando, limpando, estragando, consertando; e o que nos possibilita fazer
as coisas erradas ou as coisas certas? O livre-arbítrio.
Um dia o
Umbral vai terminar: quando nós curarmos nosso Umbral interno, pois nós o
fizemos e nós o alimentamos, no nosso dia-a-dia. Cada palavra de raiva, cada
instante de impaciência, cada vez que batemos com força a porta do nosso
quarto, cada vez que buzinamos com irritação, cada vez que brigamos,
alimentamos nosso Umbral. Cada gole de bebida alcoólica, cada cigarro, aumenta
o Umbral. Essa nossa criação é poderosa, ela fala dentro de nós, ela nos manda
mentir, enganar, roubar, matar, suicidar-se… Ela quer mais gente lá em baixo,
ela quer dominar a Terra, ela gostaria de expulsar a Luz daqui, para reinar
soberana, impunemente. Mas a Luz não pode sair daqui, pois nosso planeta é
feito dela, nós somos feitos dela, nossa lampadazinha é ela… Até o Umbral é
feito dela, às avessas. Deus está em todo lugar, é onipresente, está no Umbral,
é também o Umbral.
Precisamos
sofrer para aprender? Deus ensina no Umbral. Precisamos amar para sermos
felizes? Deus ensina em nosso coração. Onde se processa a evolução humana? Na
Consciência.
Então, o que é
o livre-arbítrio? É uma opção, uma decisão, a quem queremos servir: a Deus que
está na Luz ou a Deus que está no Umbral.
Artigo encontrado no Blog do Dirceu Rabelo